No dia 9 de Janeiro de 2024, Joana Bértholo foi a convidada do Encontro de Leituras, naquela que foi a primeira sessão do quarto ano do clube de leitura do PÚBLICO.

Durante os três primeiros anos, o Encontro de Leituras teve uma parceria com o jornal brasileiro Folha de S. Paulo que terminou no final de 2023. A actual parceria, com a revista brasileira Quatro Cinco Um, só se iniciou em Fevereiro de 2024. Esta sessão, que agora recuperamos, aconteceu entre as essas duas parcerias.

Esta sessão foi moderada como habitualmente pela jornalista Isabel Coutinho acompanhada desta vez por Andréia Azevedo Soares, jornalista da Azul, a secção do PÚBLICO dedicada ao ambiente, crise climática e sustentabilidade.

A escritora e dramaturga portuguesa Joana Bértholo, que nasceu em Lisboa em 1982, esteve no Encontro de Leituras a discutir o seu romance Ecologia. Editado em Portugal pela Caminho, em 2018, e publicado no Brasil pela Dublinense em 2023 este romance é uma “fábula distópica”, como o classificou a crítica literária Helena Vasconcelos no Ípsilon.

No romance Ecologia, Joana Bértholo constrói uma história de contornos alarmantes, passada num futuro próximo. Ecologia reflecte sobre quais são as consequências de uma sociedade em que o mercado tem uma grande preponderância e descreve-nos uma sociedade onde as palavras são pagas e onde até para falar é preciso ter dinheiro.

O livro foi semifinalista do Prémio Oceanos 2019, finalista do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, finalista do Grande Prémio de Literatura DST e nomeado para o Grande Prémio Adamastor de Literatura Fantástica Portuguesa 2019.

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O convidado do 52.º Encontro de Leituras, que aconteceu a 8 de Abril de 2025, foi Mia Couto. O escritor e biólogo moçambicano esteve a conversar no clube de leitura do PÚBLICO e da revista Quatro Cinco Um sobre o livro A Cegueira do Rio.

Publicado em Outubro do ano passado, em Portugal, pela Editorial Caminho e no Brasil, pela Companhia das Letras, este é um romance, nas palavras do próprio Mia Couto, sobre a escrita e como esta forma de representar o mundo se transformou num poder que tem donos.

Uma obra em que o premiado escritor, que nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955, quis ter uma narração partilhada com as personagens da história.

A Cegueira do Rio é um romance inspirado em acontecimentos reais. Durante a Primeira Guerra Mundial, em Agosto de 1914, numa das margens do rio Rovuma, que separa Moçambique da Tanzânia, houve um assalto alemão a um posto militar português no qual foram assassinados um sargento português e 11 sipaios africanos.

O outro acontecimento real foi a insurreição popular que ficou conhecida como a “Revolta dos Maji-Maji”, entre 1905 e 1907, em protesto contra a cultura forçada do algodão e encabeçada por um líder espiritual chamado Bokero. A resposta das autoridades coloniais alemãs levou a um dos mais graves massacres da história de África, como se lê numa nota do autor no início do livro.

A jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e Paulo Werneck, director de redacção da revista Quatro Cinco Um, apresentam o evento, destinado a leitores de língua portuguesa, no qual se discutem romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor, editor ou especialista convidado.

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A convidada do 51.º Encontro de Leituras, que aconteceu a 11 de Março de 2025, foi Conceição Evaristo. A escritora, poeta e linguista brasileira esteve a conversar no clube de leitura do PÚBLICO e da revista Quatro Cinco Um sobre o livro Canção para Ninar Menino Grande.

Este romance publicado no Brasil pela primeira vez em 2018, teve uma segunda edição em 2022 pela editora Pallas. Foi esta versão revista e aumentada pela autora, que saiu no ano passado em Portugal pela Orfeu Negro.

Fio Jasmim, o protagonista masculino de Canção para Ninar Menino Grande, é um jovem ajudante de maquinista e passa a maior parte do tempo a viajar de comboio de terra em terra. Em cada nova localidade, centra-se nas suas conquistas amorosas. Sabemos a sua história pelas mulheres com quem se envolve.

Conceição Evaristo, cuja obra abarca conto, poesia, ensaio e romance é, na opinião da poeta e académica angolana Ana Paula Tavares, “a escritora e ensaísta brasileira que mais tem participado na valorização das vozes das mulheres negras na sua diversidade e sonoridade múltiplas”.

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O convidado do 50.º Encontro de Leituras, que aconteceu a 11 de Fevereiro de 2025, foi o escritor Marcelo Rubens Paiva. O escritor, dramaturgo e jornalista brasileiro esteve no clube de leitura do PÚBLICO e da revista brasileira Quatro Cinco Um, para discutir o seu livro de memórias Ainda Estou Aqui.

Lançado no Brasil, em 2015, pela Alfaguara e em Janeiro passado, em Portugal, pela Dom Quixote, este livro foi adaptado ao cinema por Walter Salles.

Ainda Estou Aqui reconstitui memórias familiares e narra toda a história que envolveu o assassinato do pai de Marcelo Rubens Paiva, o deputado federal e engenheiro civil Rubens Beyrodt Paiva, que foi torturado e morto pela ditadura militar brasileira em 1971 e só teve o seu atestado de óbito emitido 25 anos depois, graças à incessante luta da viúva Eunice Paiva, que voltou a estudar, tornou-se advogada e defensora dos direitos dos indígenas e criou cinco filhos sozinha.

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O convidado do 49.º Encontro de Leituras, que aconteceu a 14 de Janeiro de 2025, foi o escritor português Bruno Vieira Amaral, que conversou sobre Hoje Estarás Comigo no Paraíso, editado em 2017 pela Quetzal, em Portugal, e pela Companhia das Letras, no Brasil.

Neste romance, segundo classificado na edição 2018 do Prémio literário Oceanos, Bruno Vieira Amaral resgata a história do seu primo, assassinado aos 21 anos.

Já no seu primeiro romance, As Primeiras Coisas, publicado em 2013 (e que lhe deu o Prémio José Saramago em 2015), o escritor, cronista, crítico literário e tradutor, formado em História Contemporânea pelo Instituto Universitário de Lisboa, tinha um capítulo inspirado na história do homicídio do seu primo João Jorge, que aconteceu em 1985, quando o escritor tinha sete anos. Nessa altura deu-lhe o nome de Joãozinho Treme-Treme.

As Primeiras Coisas era inspirado no bairro do Vale da Amoreira, onde Bruno Vieira Amaral, que nasceu no Barreiro em 1978, cresceu.

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O convidado do 48.º Encontro de Leituras, que aconteceu a 10 de Dezembro de 2024, foi o escritor brasileiro Tiago Ferro, que conversou sobre o romance O Seu Terrível Abraço, publicado no Brasil em 2023, pela Todavia, e lançado em Portugal, em Outubro do ano passado, pela Tinta-da-china.

O protagonista deste livro é um escritor de 40 anos, um intelectual branco, de classe média alta, diagnosticado com uma doença terminal e que a partir daí revê toda a sua vida, e em consequência também o que aconteceu à sua geração (que por acaso é a do autor).

O editor e escritor Tiago Ferro, que nasceu em São Paulo, em 1976, é também o autor de O Pai da Menina Morta (Tinta-da-china), que ganhou, em 2019, o Prémio Jabuti de melhor romance e o Prémio São Paulo de Literatura de melhor romance de estreia. Trata-se de uma autoficção onde o escritor parte de um acontecimento real da sua vida, a perda da ilha, para abordar o luto de um pai.

Depois de um primeiro período de três anos realizado em parceria com o jornal Folha de S. Paulo, o clube de leitura do PÚBLICO completou mais um ano em Dezembro, em associação com a revista brasileira Quatro Cinco Um.

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A convidada do 48.º Encontro de Leituras, a 12 de Novembro de 2024, foi a escritora portuguesa Teolinda Gersão, que conversou sobre o romance O Regresso de Júlia Mann a Paraty, que lançou em 2021, ano em que comemorou os 40 anos de carreira literária.

O Regresso de Júlia Mann a Paraty, que recebeu o Grande Prémio de Literatura dst 2023, foi lançado em Portugal pela Porto Editora e publicado no Brasil pela Oficina Raquel. Este romance, com várias vozes, mistura realidade e ficção, e é composto por três novelas: “Freud pensando em Thomas Mann em Dezembro de 1938”; “Thomas Mann pensando em Freud em Dezembro de 1930” e “O Regresso de Júlia Mann a Paraty”.

Foi a primeira vez que Teolinda Gersão escreveu sobre personagens reais. Estes monólogos trazem-nos o médico judeu fundador da psicanálise Sigmund Freud, quando já se encontrava refugiado em Inglaterra após a anexação da Áustria pela Alemanha nazi; o Prémio Nobel de Literatura de 1929, autor de Os Buddenbrook, e também a sua mãe, Júlia da Silva Bruhns, que nasceu em Paraty, no Brasil, em 1851, filha de pai alemão e mãe brasileira de origem indígena, e que viveu na fazenda Boa Vista até aos sete anos, altura em que partiu para a Alemanha.

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A convidada do 47.º Encontro de Leituras, que aconteceu a 8 de Outubro de 2024, foi com a escritora e médica psiquiatra brasileira Natalia Timerman, que nasceu em 1981, em São Paulo. A autora esteve a conversar sobre o seu livro mais recente, As Pequenas Chances, publicado no Brasil em 2023 pela editora Todavia. Nesse ano, foi considerado um dos melhores livros do ano pela revista brasileira Quatro Cinco Um.

Este romance foi lançado em Portugal pela Tinta-da-China em Fevereiro de 2024. É sobre como é vivido o luto numa família judaica, mas é também uma história sobre a vida.

As Pequenas Chances é narrado por alguém que tem o mesmo nome que a escritora, mas que é uma personagem de ficção. A primeira parte esmiúça o processo de luto, a segunda trata da morte e dos últimos dias do pai dessa personagem, relato que é também inspirado nos últimos dias do pai da autora, Artur Timerman, médico especialista em doenças infecciosas, que esteve na linha de frente do combate à sida desde os primeiros casos da doença no Brasil, no início dos anos 1980.

Na terceira parte, Natalia Timerman fala-nos de uma viagem que a personagem faz em busca dos seus antepassados.

A jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e Paulo Werneck, director de redacção da revista Quatro Cinco Um, apresentaram o evento, destinado a leitores de língua portuguesa, no qual se discutem romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor, editor ou especialista convidado.

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A convidada do 46.º Encontro de Leituras, que aconteceu a 10 de Setembro de 2024, foi com a escritora portuguesa Lídia Jorge para uma conversa sobre o romance Misericórdia, que venceu o Grande Prémio de Romance e Novela 2022 da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Literário Fernando Namora e, em França, o Prémio Médicis de Melhor Livro Estrangeiro.

A personagem principal de Misericórdia, Dona Alberti, vive num lar de idosos, o antigo Hotel Paraíso, e ao longo da narrativa seguimos os seus pensamentos e o seu último ano de vida.

Este romance foi publicado em Portugal pela editora Dom Quixote, em Outubro de 2022. E saiu no Brasil, em Agosto de 2024, pela editora Autêntica Contemporânea.

Esta história foi escrita por Lídia Jorge a pedido da sua mãe, Maria dos Remédios, que faleceu no Lar da Santa Casa da Misericórdia de Boliqueime no começo da pandemia. A escritora dedica-lhe o livro e também ao escritor chileno Luis Sepúlveda (1949-2020) que morreu com covid-19. “Eles nunca se conheceram, mas estão unidos no tempo das estrelas e cruzam-se no interior destas páginas”, lê-se numa nota final do livro assinada pela autora.

A jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e Paulo Werneck, director de redacção da revista Quatro Cinco Um, apresentaram o evento, destinado a leitores de língua portuguesa, no qual se discutem romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor, editor ou especialista convidado.

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Este é o podcast do Encontro de Leituras, o clube conjunto do PÚBLICO e da revista brasileira Quatro Cinco Um, que junta online leitores de língua portuguesa todas as segundas terças-feiras de cada mês. 

O convidado do 45.º Encontro do Leituras, que aconteceu a 13 de Agosto, foi o linguista Fernando Venâncio, para uma conversa sobre o livro Assim Nasceu uma Língua — Sobre as Origens do Português. 

“Este é um livro sobre palavras, essas a que nunca conseguiremos escapar”, escreve nas suas páginas o professor que nasceu em Mértola, no Alentejo, e viveu em Braga, em Lisboa e nos Países Baixos.

Editado em Portugal pela Guerra & Paz em 2019, onde está também disponível em ebook, o livro foi publicado em Abril passado pela Tinta-da-China Brasil. Como esta chancela pertence à Associação Quatro Cinco Um, a moderação deste Encontro de Leituras é feita pela jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo Leituras, site do PÚBLICO dedicado aos livros, mas não conta com Paulo Werneck, director da revista brasileira e editor da Tinta-da-China Brasil.

O moderador brasileiro convidado é o escritor e jornalista Sérgio Rodrigues, que tem publicado em Portugal o romance O Drible (ed. Companhia das Letras), que lhe valeu o Grande Prémio Portugal Telecom 2014; Elza, a Garota — A História da Jovem Comunista que o Partido Matou (ed. Quetzal) e também o ensaio de What Língua is Esta? — Estrangeirismos, Neologismos, Lulismos e Outros Modismos, editado em Portugal pela Gradiva.

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